Deu na Folha: OAB quer fim de doações das empresas

Brasília - Confira a matéria publicada na Folha de São Paulo, de autoria do repórter Severino Motta, sobre a proposta de refoma política defendida pelo Conselho Federal da OAB: A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) lança na semana que vem, em Brasília, uma campanha para a coleta de 1,5 milhão de assinaturas para levar ao Congresso um projeto de iniciativa popular de reforma política. A intenção da Ordem, que conta com o apoio da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e movimentos de combate à corrupção eleitoral, é acabar com as doações de empresas para as campanhas políticas e criar um sistema de voto em dois turnos nas eleições proporcionais para deputados e vereadores. De acordo com o presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coelho, o financiamento das eleições por parte das empresas cria situações "impróprias" entre governantes e financiadores. Ele também disse que pelo atual sistema cada candidato faz sua campanha de forma isolada e, conquistando um mandato, passa a tratá-lo como seu. "No sistema de cada um por si, cada eleito é dono de seu mandato. Precisamos fazer a campanha do partido, caso contrário nunca teremos a defesa de conteúdos programáticos", disse. Em relação às eleições proporcionais, Coelho destacou que o projeto irá prever um primeiro turno para o voto em listas formuladas pelos partidos. E, num segundo turno, o eleitor terá o direito de votar nos nomes da lista para alterar a sua ordem e garantir que ele possa escolher nominalmente o seu representante. A proposta, que também institui o financiamento público de campanha e dá ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o poder de fixar o montante a ser liberado para as campanhas, prevê o financiamento por pessoas físicas, que ficaria restrito a até R$ 700 por eleitor. Apesar do volume arrecadado por pessoas físicas, o partido, porém, só poderá receber até 40% do que o TSE enviar de recursos públicos para a sigla que tiver a maior parcela do financiamento público. Ou seja, se o maior partido receber 10 milhões, por exemplo, as demais siglas só poderiam arrecadar até R$ 4 milhões. CAIXA 2 O projeto também prevê a criminalização da prática do caixa 2 com pena que varia de 2 a 5 anos. A pena seria aumentada no caso da empresa que o praticou ter contratos com o poder público. COLIGAÇÕES Pelo texto proposto as coligações não resultariam em aumento do tempo de TV para os coligados. De acordo com Coelho, isso faria com que as siglas de aluguel fossem gradativamente desaparecendo. CRÍTICA O projeto ainda prevê a impossibilidade de condenações judiciais no período eleitoral com base no direito de crítica. De acordo com Coelho, hoje há jurisprudência no sentido de garantir a liberdade de expressão, mas não há vedação expressa à condenações feitas após a publicação de críticas em veículos de comunicação.

Deu na Carta Capital: Novo round contra doações empresariais

Brasília - Confira a matéria publicada pela Carta Capital, de autoria do jornalista André Barrocal, sobre a proposta de reforma política defendida pelo Conselho Federal da OAB juntamente com Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Plataforma, além de dezenas de entidades integrantes da Coalização Democrática: Representantes de 57 entidades e movimentos sociais vão dar início na quarta-feira 27 a uma nova etapa na luta por mudanças nas regras eleitorais e em defesa do que chamam de “eleições limpas”. O grupo coletará no coração do poder em Brasília assinaturas em favor de uma lei que proíba doações empresariais, puna com cadeia o crime de caixa 2, reduza o individualismo e o custo das campanhas e amplie a participação feminina. A meta é reunir 1,5 milhão de assinaturas, o número mínimo necessário para sua apresentação perante o Congresso, até 11 de agosto de 2014, data em que se comemora o Dia da Justiça. O calendário foi fixado para coincidir não só com o Dia da Justiça, mas também com as eleições. É consenso entre os organizadores do movimento que, sem pressão popular, os parlamentares não votarão a reforma proposta. Quem está hoje no Congresso chegou lá graças às regras atuais. Mudá-las ameaçaria a sobrevivência deles. É essa a explicação para os deputados terem enterrado em abril um projeto que acaba com as doações empresariais. E para a falta de empenho deles na viabilização de um plebiscito sobre o assunto, depois das manifestações de junho. Para que este projeto de iniciativa popular dê entrada no Congresso, falta reunir cerca de 1,1 milhão de assinaturas – os organizadores estimam que já recolheram em torno de 400 mil. Daqui até 11 de agosto, eles pretendem debater o tema em universidades, igrejas e entidades da sociedade civil em geral. Paralelamente, vão instalar painéis eletrônicos País afora para informar à população o nome dos políticos comprometidos com a reforma. Uma das lideranças do movimento, a Ordem dos Advogados do Brasil acredita que o projeto é irmão-gêmeo da Lei da Ficha Limpa. Esta pune o desvio de conduta dos políticos. Agora, diz Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente da OAB, é preciso atacar os desvios do sistema eleitoral. E o mais grave deles seriam as doações empresariais. Em troca de dinheiro, os candidatos “venderiam a alma” e, uma vez eleitos, retribuiriam com atos corruptos. Por exemplo: aceitando que o poder público pague mais caro por uma obra construída pelo empreiteiro-doador. “Não podemos esconder o problema. Há uma relação imprópria entre candidatos e financiadores”, diz Coêlho. Esse tipo de proibição existe em 36 países, como França, Canadá, Bégica e Portugal. Sem as contribuições empresariais, as campanhas brasileiras seriam financiadas com doação de pessoas físicas, até o limite de 700 reais por pessoa, e com recursos públicos. Para driblar a crítica dos adversários do financiamento público, que argumentam que o Estado tem outras prioridades como saúde e educação, o projeto prevê a redução no custo das campanhas e a punição criminal do caixa 2. A redução dos custos de campanha seria decorrência de dois dispositivos. Primeiro: seria alterada a regra de eleição de deputados. Em vez de votar em pessoas, os eleitores votariam em ideias (partidos). Dessa forma, não haveria tantos candidatos, como acontece atualmente. Segundo: a Justiça eleitoral fixaria um limite máximo de gastos a cada eleição, variável conforme a população. Com este quadro financeiro mais rígido, ficaria mais fácil punir criminalmente, com prisão de dois a cinco anos, os praticantes de caixa 2 eleitoral. Hoje, o caixa 2 leva no máximo à perda de mandato e à inelegibilidade do autor. E mesmo estas sanções são de difícil aplicação, pois a Justiça eleitoral não tem condições de fazer um controle mais severo das milhares de prestações de contas entregues pelos candidatos. “Não há prestação de contas, há 'faz de contas'. E mesmo assim, nunca houve punição por caixa 2 no Brasil”, afirma Coêlho. Para contornar as críticas de que o brasileiro gosta de votar em pessoas, não em partidos, o projeto propõe um sistema misto. No primeiro turno das eleições, vota-se em partidos. Essa votação serviria para definir quantos parlamentares seriam eleitos por cada legenda. Depois, em um segundo turno, vota-se em pessoas: aquelas indicadas pelos partidos conforme o número de vagas no Congresso conquistadas no primeiro turno. O modelo atual, diz Coêlho, incentiva os candidatos a fazerem campanhas personalistas e egoístas. Participante do movimento “eleições limpas”, a direção nacional da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou uma carta a suas 370 paróquias pelo país pedindo aos bispos que ajudem a conscientizar as pessoas para a importância da reforma política e a coletar assinaturas. É uma tentativa, diz o padre José Ernane Pinheiro, da área política da CNBB, de repetir a experiência do projeto que deu origem à Lei da Ficha Limpa. Na ocasião, os bispos também contribuíram com a coleta de assinaturas. A lista de todas as entidades integrantes do movimento bem como a íntegra do projeto podem ser vistas em www.reformapoliticademocratica.com.br