Conferência Nacional dos Advogados: “Seja protagonista da história”

Brasília – Advogado, seja protagonista da história. É este o lema da 22ª Conferência Nacional dos Advogados, programada para os dias 20 a 23 de outubro deste ano, no Rio de Janeiro. Será a maior conferência já feita pelo Conselho Federal da OAB, com público estimado entre 25 mil e 30 mil advogados e estudantes de direito. As inscrições serão abertas nos próximos dias. Focando as discussões na constituição democrática e na efetivação dos direitos, a 22ª Conferência Nacional será realizada em parceria com a OAB-RJ. A cidade, inclusive, foi sede da primeira conferência, em 1958. O patrono nacional será o advogado Evandro Lins e Silva, e o local, Heleno Fragoso. Ambos são reconhecidos pela luta pela redemocratização do Brasil. No evento de lançamento da Conferência Nacional de Advogados, em novembro, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente do CFOAB, anunciou que esta edição terá, pela primeira vez, um encontro de dirigentes da advocacia, composto por diretores do Conselho Federal, de Seccionais e de Subseções, além de conselheiros e presidentes de comissões. A Coordenação Nacional das Caixas de Assistência dos Advogados organiza um ciclo de palestras e discussões, além de de estande expondo a atuação da coordenação em todo o país. Também foi assinado convênio com a Universidade Estácio de Sá, que adquiriu 9.000 inscrições. “Queremos ter o Rio de Janeiro como o centro da cultura jurídica nacional. Esse não é um evento qualquer, é um espaço deliberativo, tem uma função estatutária e deve servir de espaço de deliberação e de participação dos advogados nas decisões sobre os rumos da entidade. A Conferência Nacional é o órgão consultivo máximo da OAB", afirma Marcus Vinicius.

Custeio privado de campanha macula “legitimidade do voto”, diz jurista

Brasília – Em entrevista à assessoria de imprensa do Conselho Federal da OAB, o jurista e professor Valmir Pontes Filho – também presidente da Comissão Nacional de Assuntos Constitucionais da entidade – falou sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.650, proposta pela OAB junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com vistas ao fim do financiamento privado de campanhas eleitorais no Brasil. Para Pontes, esse tipo de custeio é inconstitucional. Ele argumenta que as pessoas jurídicas (empresas) não integram o conceito de povo. “Deve-se observar o que está disposto no parágrafo único do artigo primeiro da nossa Constituição. Pessoas jurídicas não podem votar e tampouco estão sujeitas a voto, pois não exercem a soberania popular. A interpretação do artigo 14 da Carta Magna é suficiente para a defesa de que o financiamento é incabível”, defende. O presidente da Comissão Nacional de Assuntos Constitucionais da OAB lembra que o custeio é prejudicial ao País e à sua população. “O financiamento privado acaba por distorcer a legitimidade do voto, muitas vezes obtido por conta de publicidades milionárias, custeadas por empresas. Isto sem falar na vinculação nada republicana entre o financiador e o político eleito, que passa de representante legítimo da vontade popular a devedor de favores financeiros”, compara. Valmir Pontes Filho é taxativo ao falar sobre quem é legitimamente apto a contribuir com o financiamento de campanhas eleitorais. “Os cidadãos e ninguém mais. Estamos numa república democrática e quem assevera esta possibilidade é a própria Constituição Federal. Ainda assim, os cidadãos devem respeitar limites e condições que a lei vier a fixar. Parece-me inconstitucional entendimento diverso”, entende.   O jurista ressalta a importância da representação da OAB no STF, por meio da ADI n°. 4.650. “É de crucial importância (a ação da Ordem), dado o momento que o país vive, para que o Supremo Tribunal Federal se pronuncie sobre tão valioso tema. A sociedade aguarda respostas e estamos em um ano eleitoral”, conclui. A ADI 4.650 A forma democrática de financiamento proposta pela OAB inclui o financiamento público e o financiamento de pessoas físicas, limitado a R$ 700, não podendo esta última ultrapassar 40% da contribuição pública. Para o presidente do Conselho Federal da Ordem, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, “a eleição proporcional em dois turnos fortalece os partidos políticos e a política feita em torno de ideias, mas reserva aos eleitores, no segundo turno, a última palavra na escolha dos candidatos. Essa alternativa reduz bastante o custo das campanhas e permite uma maior fiscalização do processo eleitoral”.

Presidente da OAB discute soluções para caos do sistema carcerário

Brasília – O presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, reuniu-se nesta segunda-feira (27) com Maria Tereza Uille Gomes, presidente do Consej (Conselho Nacional de Secretários de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Administração Penitenciária). Também participou do encontro Eduardo Fagundes Júnior, da Vara de Execuções Penais de Curitiba. Maria Tereza apresentou à OAB o sistema de gestão da informação que está sendo implantado no Maranhão para acompanhar e controlar a situação judiciária dos apenados do Estado. O programa de computador é o mesmo utilizado no Paraná, onde Maria Tereza é secretária de Justiça, e já coleta dados de 19 Estados do Brasil. O sistema implantado no Maranhão tem como objetivos auxiliar na agilidade e na efetividade de mutirões carcerários, permitir o controle e acompanhamento da população penal, integrando dados dos Poderes Executivo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública. Uma das principais metas é identificar presos que tenham benefícios como progressão de pena, livramento condicional e “habeas corpus”. Além de implantar um efetivo sistema de gestão da informação para o sistema carcerário, Maria Tereza apresentou outras sugestões para melhorar a situação de presídios no país, como o aumento de penitenciárias de regime semiaberto, o fortalecimento dos conselhos penitenciários, com a ajuda da OAB, e a aprovação do Projeto de Lei de execução penal, que está no Senado Federal. O presidente do CFOAB elogiou o sistema de gestão da informação por permitir o controle mais próximo da situação dos apenados. “É um absurdo ver casos como o de presos que esperam até sete anos por uma progressão de pena”, exemplificou Marcus Vinicius. “Integrar informações é integrar ações, é fazer um choque de gestão.” Para o presidente da OAB Nacional, “a resolução da tragédia do sistema carcerário brasileiro se dá em duas frentes: apresentar a realidade caótica atual e avaliar alternativas e estratégias para melhorá-la”. Marcus Vinicius convidou Maria Tereza para a primeira reunião da Coordenação de Acompanhamento do Sistema Carcerário, em 4 de fevereiro, na qual a presidente do Consej deve apresentar a ferramenta de gestão da informação.