Em posse da OAB-SC, Lamachia alerta que política precisa de depuração

Brasília e Florianópolis (SC) – O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, proferiu novo discurso de crítica à corrupção no Brasil e à tentativa do governo federal de recriar a CPMF. O pronunciamento aconteceu nesta quinta-feira (25), por ocasião da posse solene da nova diretoria da OAB-SC, que tem Paulo Brincas como presidente. “A sociedade brasileira não aceita mais ser representada por pessoas que não fazem jus ao nosso povo. A política precisa passar por uma depuração. Por isso mesmo é que o povo não vai aceitar soluções simplistas, que botam a mão no bolso do cidadão para corrigir problemas que não foram causados por ele”, apontou Lamachia. O presidente nacional da Ordem também garantiu que a entidade agirá no que estiver ao seu alcance contra a corrupção. “A OAB não faltou no passado, não falta no presente e não faltará no futuro. Nós advogados somos agentes de transformação social e nossa instituição tem que liderar isso com respeito à política. Queremos uma representação à altura do povo brasileiro. Estamos numa crise ética sem precedentes”, disse. Ele convidou todos os presentes, em nome da advocacia brasileira, a se engajarem no movimento “Agora chega de carga tributária! Não à CPMF”, liderado pela OAB, cujo lançamento se dará em 2 de março e contará com mais de 70 entidades da sociedade civil em mobilização contra a volta do imposto. O novo presidente da seccional catarinense Brincas se disse indignado com a corrupção institucionalizada e o colapso da economia, além de defender as investigações da Polícia Federal. “O país é uma nau à deriva, sem comando. Temos que passar o Brasil a limpo, fazer uma faxina”, apontou Paulo Brincas. A diretoria eleita conta ainda com Luiz Mario Bratti como vice-presidente, Mauricio Alessandro Voos na função de secretário-geral, Claudia da Silva Prudêncio como secretária-geral adjunta e Rafael de Assis Horn exercendo o cargo de diretor-tesoureiro. *Com informações da Assessoria de Comunicação da OAB-SC

Artigo do presidente: Depuração política

Brasília - Confira o artigo do presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, publicado nesta sexta-feira (26), no jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS). Depuração política Por Claudio Lamachia, advogado e presidente do Conselho Federal da OAB A crise ética e moral que enfrentamos atualmente em nosso país nos trouxe a uma encruzilhada. O caminho que vamos seguir daqui pra frente determinará se chegaremos, ou não, a um lugar melhor do que o que deixamos para trás. Em poucas palavras: ou acabamos com a corrupção, ou ela acaba com o Brasil. Passar o Brasil a limpo e depurar a classe política depende de um amadurecimento urgente de cada um de nós. Não nos é mais permitido apontar o dedo sem fazer uma análise profunda da responsabilidade que temos ao eleger quem nos representa. É inaceitável a postura de agentes políticos que traem seus eleitores e é igualmente condenável que a democracia e o voto sejam tratados com displicência. Cada um de nós é responsável pelo seu voto e pela defesa de seus ideais. Precisamos de homens que sirvam à política e não daqueles que se sirvam dela. Se, a cada dia em que abrimos os jornais, ouvimos o rádio e assistimos ao noticiário, nos incomodamos e nos revoltamos com a crise ética sem precedentes que estamos enfrentando, não tenhamos dúvida: esta é uma oportunidade ímpar para estabelecermos um novo padrão ético em nossa política e sociedade. Se, mais do que nunca, podemos dizer que sobram recursos para a corrupção e faltam para políticas públicas básicas, como saúde, educação, segurança e saneamento básico, é justamente neste momento que cada um de nós deve repensar o modelo de nação que pretende e o que vem fazendo para que ele seja possível. O funcionamento pleno das instituições deve ser respeitado, sem que haja qualquer tipo de interferência indevida de agentes políticos que pretendam negar o papel institucional do Poder Judiciário e do Ministério Público. A atuação dessas instituições deve ser desenvolvida em nome da sociedade, para a sociedade e em respeito à sociedade, como deve ser nas democracias. A OAB não deixará, de maneira alguma, de lutar por um novo patamar ético na política brasileira e cobrará do governo e do Congresso medidas efetivas no combate ao fisiologismo e às concertações de gabinetes. Sem bandeiras partidárias, defendendo o interesse da sociedade e respeitando a Constituição, estaremos mais atentos e atuantes do que nunca. É o que a sociedade espera de nós. Esse é o nosso compromisso.