OAB pede a suspensão da abertura de cursos de Direito por cinco anos

O secretário-geral da OAB, José Alberto Simonetti, e o diretor tesoureiro da OAB, José Augusto Araújo de Noronha, se reuniram com o ministro da educação, Abraham Weintraub, para solicitar a suspensão da autorização para abertura de novas graduações em Direito, pelo prazo de cinco anos, até que se verifique a qualidade dos cursos já existentes. O encontro foi na quarta-feira (14), no Ministério da Educação, e teve a participação do assessor especial do ministro da educação, Victor Safatis Metta, e dos deputados federais, Felipe Francischini (PSL-PR) e Caroline de Toni (PSL- SC). 

“A função da OAB é colaborar para o aperfeiçoamento e a promoção da qualidade do ensino jurídico no país. Externamos nossa preocupação com o elevado número de cursos autorizados nos últimos anos e com a precariedade de determinadas instituições que oferecem ensino jurídico. Nossa solicitação é para que tenhamos um prazo para avaliar os cursos já criados”, afirmou Simonetti. 

Para José Augusto Araújo de Noronha, “o Brasil não precisa de mais nenhum curso jurídico nos próximos 30 anos. O que há necessidade é uma maior fiscalização para que os cursos, que não alcançaram os índices de qualidade apresentados para a abertura das vagas, sejam fechados. A situação é grave, na medida em que esses cursos lançam milhares de bacharéis no mercado, que não tem condições de serem aprovados no Exame de Ordem e, portanto, não podem exercer a advocacia”. 

De acordo com o documento entregue pela OAB ao Ministério da Educação, “no ano de 2019, foram autorizados 121 cursos de Direito com 14.891 vagas anuais, totalizando atualmente 1.684 cursos jurídicos em funcionamento no Brasil, em sentido contrário a opinião emitida por esta Instituição. Ressaltamos que no período de 2005 a 2011 foram criados 324 cursos de Direito ao passo que no período de 2011 a 2019 (atual) foram criados 472 cursos (anexo), o que ratifica a ausência de critérios adequados à criação dos cursos”.

Comissão realiza audiência pública para debater o novo marco regulatório do saneamento

A Comissão Especial de Saneamento Básico e Recursos Hídricos da OAB Nacional promove, no dia 28 de agosto, a partir das 14h, uma audiência Pública para debater sobre o novo marco regulatório do saneamento básico. O evento tem inscrição gratuita e vai ocorrer na sede do Conselho Federal da Ordem, em Brasília.

O objetivo da reunião é discutir a nova lei do setor que está em tramitação no Congresso Nacional. O texto já foi aprovado pelo Senado e segue agora para análise da Câmara dos Deputados. Dentre as mudanças aprovadas estão a abertura para a exploração privada dos serviços de saneamento.

Durante a audiência pública serão abordados temas como o ranking de saneamento no Brasil e oportunidades de universalização dos serviços de saneamento com o novo marco legal. Participam dos debates autoridades do Executivo, os parlamentares envolvidos no projeto e representantes de entidades ligadas ao setor.

Os interessados em participar podem fazer inscrição pelo link aqui. Serão concedidos certificados aos participantes do evento perfazendo um total de 5 horas.

OAB vai ao Congresso debater projeto que acaba com cotas mínimas de gênero nas eleições

A presidente da Comissão Especial de Estudo da Reforma Política, Luciana Diniz Nepomuceno, esteve, na tarde desta quinta-feira (15), no Congresso Nacional para encontro com a deputada Renata Abreu (PODE-SP). A parlamentar é autora do Projeto de Lei 4131/19, que dispõe sobre a distribuição de vagas nas listas de candidaturas e de recursos do Fundo Eleitoral de Financiamento de Campanha.

O projeto estabelece que os partidos não terão mais a obrigatoriedade de obedecer a uma cota de gênero mínima de 30% de candidaturas para um dos sexos. Por exemplo: se um partido que terá 100 candidaturas e já registrou 70 candidatos homens, mas não consegue encontrar 30 mulheres para concorrer às demais vagas, não precisará preencher todas as 30 vagas restantes com mulheres. Basta registrar o número de mulheres que conseguir reunir e deixar as demais vagas que seriam destinadas para candidatas na chapa vazias.

Na prática, o texto acaba com a cota mínima de 30% de candidatura para um dos sexos, que hoje tem assegurando a participação feminina no processo eleitoral. A presidente da Comissão Especial de Estudo da Reforma Política acredita que existe o risco de que os partidos deixem de abrir espaço para as mulheres e incentivar a participação delas na política, caso a proposta acabe com a cota mínima.

“Viemos trazer nossos argumentos para mostrar que essa obrigatoriedade de cota mínima, instituída por lei em 2009, é necessária enquanto ação afirmativa para que as mulheres sejam conscientizadas de que elas precisam participar da política. Abrir mão dessa obrigatoriedade representaria um retrocesso. A deputada Renata mostrou-se muito aberta ao diálogo. A OAB, como representante da sociedade, veio buscar essa interlocução com o Congresso. Precisamos de mais mulheres na política”, disse Luciana ao final do encontro.

OAB e entidades da sociedade civil defendem novas propostas para enfrentar a violência

A OAB Nacional sediou, nesta quinta-feira (15), o lançamento oficial da “Mesa Nacional de Diálogo contra a Violência”. A iniciativa, que foi abraçada pela Ordem, partiu da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns e contou com a presença e a participação de diversas entidades de proteção e organização da sociedade civil. O objetivo da ação é reunir forças das diferentes instituições em busca de soluções e propostas para enfrentar o problema da violência no Brasil.

Além da OAB e da Comissão Arns, participaram do evento representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Conselho Federal de Psicologia (CFP) e do Ministério Público Federal (MPF).

O vice-presidente da OAB Nacional, Luiz Viana, afirmou que o propósito do grupo é construir e oferecer sugestões para uma nova política de segurança pública no país, já que os dados atuais revelam um enorme problema. Segundo o Atlas da Violência, o Brasil é um dos países mais violentos do mundo, com 65.602 homicídios registrados em 2017, 72,4% decorrentes de mortes por armas de fogo. Deste total, 75,5% dos mortos são negros.

“A mesa nacional de diálogo contra a violência, com a participação da Comissão Arns e de diversas outras entidades, vai apresentar à sociedade uma proposta de diálogo que possa unificar o discurso de combate à violência com uma política de segurança pública que signifique a cultura da paz e a preservação de diretos humanos”, afirmou Luiz Viana na abertura do ato.

O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, José Carlos Dias, destacou que a organização desse grupo representa uma reação da sociedade civil em busca de uma melhor política de segurança pública e pela redução da violência no país.

“No instante em que a nossa história está sendo escrita com palavras, gestos e atos que destacam a supremacia da violência, é fundamental ler a Constituição Federal para observar quais são os direitos humanos que estão sendo violados. Reunidas as entidades convocadas, sinto que a sociedade se estrutura em defesa da democracia, escudeiros que somos dos direitos humanos”, afirmou José Carlos Dias.

Ao final do lançamento foi feita a leitura de uma carta, que foi assinada pelas entidades, defendendo a necessidade de buscar a cultura de paz, com respeito aos direitos humanos e a promoção da participação democrática. O documento diz ainda que as entidades se comprometem a levantar as bandeiras da tolerância profunda, do respeito ao direito do outro e da busca da união da diversidade. Serão esses os princípios que serão utilizados para se contrapor à violência.

Confira a íntegra da carta abaixo:

Por uma Mesa Nacional de Diálogo contra a Violência

O Brasil tem sofrido, com crescente horror, o recrudescimento de um dos piores traços da formação nacional: a violência incorporada ao cotidiano, especialmente das camadas de baixa renda. Segundo o Atlas da Violência, em 2017 houve uma taxa de 31,6 mortes violentas por 100 mil habitantes, a maior da história do país. Dos 65 mil assassinados, a maioria absoluta era composta de jovens e negros.

Às chacinas gratuitas, como a de Suzano (SP) no início deste ano, e aos morticínios planejados, como o de Altamira (PA) em julho passado, somam-se as balas, endereçadas e perdidas, que a cada dia ceifam o futuro e tornam infernal a vida dos indivíduos. Nada menos que 74% dos homicídios são cometidos por armas de fogo, um dos maiores indicadores do mundo. Propostas de facilitar o acesso a armas de fogo tornarão o quadro ainda mais grave. A escalada armamentista coloca em risco toda a população, e em particular a classe policial, que tem por dever estar na linha de frente dos conflitos.

Para piorar, recentemente têm proliferado os discursos de ódio, ajudando a conformar subjetividades violentas e intolerantes, e declarações públicas que legitimam a letalidade de órgãos oficiais. Ativistas e profissionais que repudiam tais pontos de vista se encontram em situação de crescente insegurança.

Está na hora de gritar basta! As entidades representativas da sociedade civil precisam mobilizar pessoas e instituições para construir uma agenda propositiva de segurança que respeite os direitos humanos e uma cultura cidadã capaz de refazer os laços de sociabilidade em dissolução.

Imbuídos de tal espírito, convidamos de maneira ampla organizações, movimentos e associações de variados credos e ideologias para sentarem-se juntos e discutir o que fazer. Se nos perguntarem agora como iremos nos organizar e como faremos para reduzir os índices que hoje assustam e envergonham a cidadania, responderemos com honestidade que não sabemos. Porém, estamos convencidos que a paz só será alcançada com o respeito aos direitos humanos e a promoção da participação democrática. Acreditamos que a mobilização desde baixo saberá inventar os caminhos necessários para chegar lá.

Por isso, lançamos hoje a iniciativa de uma Mesa Nacional de Diálogo contra a Violência. A Mesa não tem definições prévias, que serão construídas pelos que a ela aderirem. A única função das entidades que aqui convidam as demais é a de levantar as bandeiras da tolerância profunda, do respeito entranhado ao direito do outro e da busca da união na diversidade. Apostamos que em torno destes princípios poderemos contrapor ao monstro da violência a energia viva da sociedade mobilizada.

Brasília, 15 de agosto de 2019.

OAB Nacional e prefeitura de São Paulo promovem debate sobre a Lei Geral de Proteção de Dados

A Comissão Especial de Proteção de Dados da OAB Nacional e a Prefeitura de São Paulo realizaram, nesta quarta-feira (14), um evento para debater os desafios para a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados. A audiência pública, com a presença de autoridades do governo, juristas e especialistas no tema lotou o salão nobre da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, em São Paulo.

A Lei Geral de Proteção de Dados, aprovada no Congresso Nacional em 2018, entra em vigor em agosto de 2020. Diante das dificuldades para que empresas e órgãos públicos efetivem as regras, o evento discutiu práticas e propostas que podem servir de apoio para a implementação da nova legislação.

Os painéis debateram sobre proteção de dados no setor público, proteção de dados e inteligência artificial e os desafios de regulamentação da lei no município de São Paulo, dentre outros temas levantados pelos palestrantes.

“A importância do evento se dá exatamente pelas dificuldades que as pessoas estão enfrentando para a implementação da norma. Por isso, a presença de especialistas e secretários municipais que apresentaram alternativas e boas soluções para a efetivação da lei”, explicou o presidente da Comissão Especial de Proteção de Dados da OAB Nacional, Flavio Unes.

“Há muito interesse, tanto da esfera pública, como da privada, em entender a lei para que ela possa ser efetivada, ainda mais que existem sanções para o descumprimento das normas que entram em vigor exatamente daqui a um ano”, concluiu Flavio Unes.