OAB encaminha ao CNJ parecer com sugestões para implementação do Juiz das garantias

A OAB Nacional encaminhou ao ministro Humberto Martins, corregedor-geral de Justiça, parecer com sugestões para a estruturação e implementação do “Juiz das garantias”. Martins é o coordenador do Grupo de Trabalho do Conselho Nacional de Justiça para a Estruturação e Implementação do Juiz das garantias e do julgamento colegiado de 1º grau.

O parecer é uma resposta da OAB à solicitação feita pelo próprio ministro no sentido de obter contribuições a respeito do tema. O documento é fruto do trabalho da Comissão Especial de Direito Processual Penal, a quem o presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz, solicitou análise detalhada sobre o assunto.

O documento da OAB defende que, nas comarcas e subseções judiciária em que houver pluralidade de varas criminais, uma delas seja especializada para ter por competência específica as matérias atribuídas ao juiz das garantias. O documento também considera as dificuldades e peculiaridades das comarcas em que há apenas um magistrado exercendo a jurisdição.

A OAB sugere ainda que a regulamentação para a efetivação do “Juiz das garantias” seja feita mediante dois sistemas distintos. Um deles com regras para as futuras investigações e processos que venham a se iniciar e o outro com regras de transição para as investigações e processos em curso.

Confira aqui a íntegra do documento enviado pela OAB ao CNJ

Santa Cruz diz em entrevista que criminalização da violação de prerrogativas é ‘maior vitória da OAB após Estatuto’

O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, concedeu entrevista ao jornalista Mario Sergio Conti, do programa Diálogos, da Globonews. O programa foi exibido, ao vivo, na noite desta quinta-feira (9). Na conversa, o presidente exaltou a previsão legislativa de criminalização da violação de prerrogativas profissionais da advocacia.

“Nós acabamos de ter a maior vitória da advocacia desde o nosso Estatuto, que é de 1994. Nós conseguimos a criminalização da violação das nossas prerrogativas. Uma vitória histórica e marca o reforço à prerrogativa do advogado que não é mais do que um direito do cidadão. É importantíssimo dar ferramentas ao advogado para que ele exerça a defesa do cidadão, que muitas vezes é frágil, em um país marcado por episódios graves de abuso de autoridade”, afirmou Santa Cruz. 

O presidente também lembrou a boa percepção da OAB por parte da sociedade. “Uma pesquisa da Associação dos Magistrados Brasileiros e efetivada pela Fundação Getúlio Vargas deu à OAB 66% de aprovação por nossa população. A Ordem tem quase duas vezes e meia a aprovação do segundo colocado entre as entidades da sociedade civil, em empate técnico com as Forças Armadas que, historicamente, são muito bem avaliadas. Há uma compreensão de que o papel da OAB, neste momento, muitas vezes é contra majoritário. É de falar do direito de defesa, das garantias individuais, da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa, e isso incomoda determinados setores da política”, apontou.  

Outro tema tratado foi a postura da Ordem frente a temas que requerem posicionamento da entidade. “O papel da Ordem, dado pelo Supremo Tribunal Federal em jurisprudência consolidada pelo nosso Estatuto e pela Constituição, não é apenas de defesa da advocacia. É também da sociedade, da lei e da própria Constituição. Muitas vezes, a entidade tem que se manifestar em questões que vão além dos limites do exercício profissional, além de defender posições que não estão necessariamente alinhadas às do poder público. A OAB não pretende protagonismo, mas sim o cumprimento da Constituição”, disse o presidente.