Painel promove debate sobre atuação das Forças Armadas em momentos de crise

O painel 111 do I Congresso Nacional Digital da OAB abordou, na tarde desta quinta-feira (30), um tema em bastante evidência no momento do país: “O Papel das Forças Armadas em Momentos de Crise”. Especialistas debateram o tema sob a presidência de mesa da vice-diretora da Escola Superior de Advocacia da OAB-MA (ESA-MA), Lilianne Maria Furtado Saraiva.

Para o jurista e professor emérito da Universidade Mackenzie e da Escola Superior de Guerra, Ives Gandra da Silva Martins, apesar de a Constituição ser clara na separação dos poderes, pode haver fissuras na relação entre eles. “O título quinto da Constituição tinha como meta não precisar ser utilizado pelos constituintes. Cabe às Forças Armadas garantir a defesa da pátria e o funcionamento das instituições, como em vários momentos da história se fez. As Forças Armadas garantem a lei e a ordem, inclusive, se houver conflito entre os poderes. É aí que não queremos chegar”, apontou Gandra. 

Na sequência, falou o membro da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da OAB, Gustavo Binenbojm. “Trata-se de uma demanda de parte da sociedade brasileira que foi respondida por várias instâncias de poder e representação. A mola inspiradora da Constituição de 1988 é liberal e democrática, criando um sistema de divisões estatais que cria uma espécie de poliarquia. Não me parece que a Constituição contemple qualquer espécie de poder moderador, muito menos atribuível às Forças Armadas. O texto constitucional diz que as Forças Armadas são subordinadas ao Ministério de Defesa e, acima deste, ao presidente da República. Logo, mesmo em momentos de crise, a atuação das Forças Armadas sempre se dará em uma instância instrumental ao poder que a convocou”, explicou Binenbojm.  

Na visão do general do Exército Brasileiro e ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz, a discussão ganhou força diante do momento politicamente polarizado do país. “A crise que nos chama à reflexão é de naturezas diversas. A política não vai bem, a economia procura melhorar, mas o Brasil vive suas liberdades. Esse fato de arrastar as Forças Armadas para o debate político se deu por conveniência, por saudosismo, mas a verdade é que elas guardam seu lugar. As Forças Armadas devem ficar de fora de discussões ocasionais, até mesmo para não comprometer seu prestígio histórico. A Constituição delimita o que pode e o que não pode em sua atuação”, opinou o general.

 

Presidentes das seccionais da OAB no Nordeste participam de live em defesa da democracia

A OAB Nacional promove, neste domingo (2), às 11h, por meio da Comissão Nacional de Defesa da República e da Democracia, a live “OAB Pela Democracia”. A iniciativa é parte da campanha “#OABPelaDemocracia”, que busca sensibilizar toda a advocacia na defesa dos direitos e garantias fundamentais de nossa carta cidadã. Para isso, a Ordem conta com o comprometimento de todo o sistema OAB para promover o debate sobre democracia, em defesa do Direito, da vida, do emprego e das liberdades.

Neste domingo, a live é com os dirigentes da Ordem da região Nordeste. Além do presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz, e do presidente da Comissão Nacional de Defesa da República e da Democracia, Nabor Bulhões, participam da live o presidente da OAB-AL, Nivaldo Barbosa da Silva Junior; o presidente da OAB-BA, Fabrício de Castro Oliveira; o presidente da OAB-CE, José Erinaldo Dantas Filho; o presidente da OAB-MA, Thiago Roberto Morais Diaz; o presidente da OAB-PB, Paulo Antônio Maia e Silva; o presidente da OAB-PE, Bruno de Albuquerque Baptista; o presidente da OAB-PI, Celso Barros Coelho Neto; o presidente da OAB-RN, Aldo de Medeiros Lima Filho; e o presidente da OAB-SE, Inácio José Krauss de Menezes.

Em seus quase 90 anos de história, a OAB sempre lutou ao lado dos brasileiros pela democracia e pela garantia do Estado Democrático de Direito. A advocacia possui papel essencial para o país, para a realização da justiça e para a defesa da Constituição Federal. É fundamental que a classe e toda a cidadania permaneçam mobilizados em defesa de nossa democracia e de suas instituições.

A comissão realizará outras lives contemplando as demais regiões do Brasil. Todas as lives serão transmitidas no canal oficial da OAB Nacional no Youtube e na página do CFOAB no Facebook.

OAB requer ao STF ingresso como litisconsorte passivo em ação sobre suspensão de prazos na pandemia

A OAB Nacional protocolou, nesta quinta-feira (30), um pedido de ingresso como litisconsorte passivo no âmbito do Mandado de Segurança 37165, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes. A Ordem requer que seja mantida a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de que a suspensão dos prazos processuais ocorra mediante peticionamento do advogado nos autos, informando impossibilidade de prática do auto processual e sem necessidade de deferimento do magistrado.

Para a OAB, o posicionamento do CNJ estabelece interpretação perfeitamente adequada à resguarda da efetividade do direito de defesa e à essencialidade do advogado para a administração da justiça, diante da situação excepcional ocasionada pela pandemia da covid-19. A Ordem ressalta, também, que a Resolução n. 314/2020 do CNJ estabeleceu a retomada dos prazos processuais, com as devidas cautelas e ajustes para contemplar adequadamente as necessidades e limitações enfrentadas pelas partes e seus procuradores perante o sistema de justiça.

“A suspensão dos prazos processuais nessas circunstâncias [pandemia] é medida adequada e necessária à garantia da efetividade do direito de defesa, pilar estruturante do devido processo legal. A desnecessidade de aguardar a decisão do juiz para se implementar a suspensão é condição para que a norma seja eficaz e cumpra sua finalidade. Isso porque as partes e seus patronos devem ter segurança de que não serão prejudicados no exercício de suas faculdades processuais, a depender de uma deliberação do magistrado que pode demorar ou mesmo não acolher o pedido de suspensão”, diz um trecho do ofício.

Veja aqui o ofício protocolado pela OAB no STF


Conferências sobre direito empresarial, contratos e a história de Luiz Gama abrem o quarto dia de congresso

O I Congresso Digital Nacional da OAB entra no seu quarto dia consolidando o marca de maior evento jurídico virtual do mundo pela diversidade de assuntos abordados, nos mais de 160 painéis, e pela pluralidade de palestrantes que reuniu, em um único evento, renomados advogados, professores, ministros, jornalistas, profissionais da área de saúde entre outros para discutir os impactos da pandemia no mundo do direito, do judiciário e da sociedade.

Pioneiro e inovador desde a sua concepção, o evento já é um marco histórico na Ordem dos Advogados do Brasil ao ser realizado de forma virtual com a disponibilização de seis painéis simultâneos, transmitidos em tempo real, durante os cinco dias do congresso. Até o momento, o evento alcançou mais de 110 mil inscritos, que podem participar dos debates gratuitamente.

Nesta quinta-feira (30), a conferência magna “Luiz Gama 190 anos - Lições de Resistência e de Direito”, explanada pela professora da UNIFESP, Lígia Fonseca Ferreira, e conduzida pela presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Rita Cortez, retratou a vida e a atuação de um dos ícones da luta pela liberdade dos escravos no Brasil. Luís Gonzaga Pinto da Gama foi jornalista, escritor e o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Um intelectual negro, que aprendeu a ler e a escrever somente aos 17 anos, mas detentor de uma habilidade intelectual invejável, o que o fez, por meio da escrita e da voz, lutar por dias melhores para os negros.

“Luiz Gama se dedicou às causas da liberdade, sem retribuição alguma, razão por ele ter sido reconhecido, em 2015, como símbolo da advocacia pro bono. Estudioso apaixonado pela ciência jurídica e pelas leis que, numa definição sintética, definiu como monumentos sociais. Seus argumentos eram irrebatíveis e desejava provar que muitos doutores eram os primeiros a violarem os direitos para garantir a propriedade escrava”, disse Lígia Fonseca Ferreira, autora do livro “Lições de resistência: artigos de Luiz Gama na imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro”, obra fruto de pesquisa de três anos.

“Na imprensa se destacou como comentarista jurídico e trazia ao conhecimento público, erros cometidos por juízes corruptos e incompetentes, pois o seu dever era mostrar aos leitores o modo extravagante como se portava a justiça no Brasil escravocrata. Luiz Gama é pensador sofisticado, com habilidade retórica e mestre das narrativas, o que é essencial no jornalismo e na escrita jurídica. Seus textos são sempre em primeira pessoa, pois era uma forma de estabelecer uma relação com os seus leitores”.

O futuro dos direitos das empresas

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luís Felipe Salomão proferiu a segunda conferência magna “O futuro dos direitos das empresas”, mediada pelo presidente da OAB-BA, Fabrício de Castro Oliveira. A conversa focou nas circunstâncias atuais e perspectivas para o Direito Empresarial diante das mudanças ocasionadas pela pandemia do coronavírus.

O quadro pandêmico no Brasil teve grande impacto no setor empresarial com fechamento de empresas, quedas nas vendas e reduções nos quadros de trabalho, afetando os contratos empresariais com efeitos econômicos danosos. Todas essas questões repercutiram no Sistema Judiciário, que teve um aumento de demandas nesse período. Para Salomão uma grande ferramenta nesse contexto é a renegociação. “Eu acho que é a melhor saída para todos nesse momento. Antes de submeter a questão ao judiciário passar por um processo de renegociação prévia”, afirmou.

A covid-19 e os contratos

A terceira conferência magna abordou a situação dos contratos no âmbito da pandemia. Os trabalhos foram coordenados pelo presidente da OAB-RR, Ednaldo Gomes Vidal, e a exposição ficou a cargo da presidente do Instituto de Estudos Culturalistas, Judith Martins-Costa, que defendeu que o momento é adaptação e bom senso para solucionar os problemas contratuais.

“São dezenas de tipologias contratuais que, ainda que estruturalmente liguem dois polos que nos levam enganosamente a acreditar que são átomos isolados no universo, envolvem dois pontos da economia mundial. Todos podemos ser a parte forte ou a parte fraca. A covid-19 traz contratos com incerteza, vulnerabilidade e instabilidade. Se não sabemos sequer se um dia a situação voltará ao ‘normal’ que conhecemos, a palavra de ordem é adaptação. Não há outra receita, a não ser adaptar-se e ter bom senso”, apontou Martins-Costa.

Tributos, telecomunicações e intervenções estatais foram discutidos no terceiro dia congresso

Os reflexos da pandemia em vários setores como tributário e de telecomunicações foram discutidos nos painéis que aconteceram, nesta quarta-feira (29), no I Congresso Digital Nacional da OAB. O debate pautado em temas como carga tributária, repartição de receitas, inadimplência e a possibilidade de uma reforma tributária orientou os painéis “Impactos tributários da pandemia da covid-19 para o Brasil” e “Tributos e finanças em tempos de pandemia”.

Nas discussões do primeiro painel, os palestrantes destacaram como a crise sanitária repercute na economia, inclusive na arrecadação de impostos, afetando municípios, Estados e União. “Existem alguns pontos da nossa legislação tributária que precisamos enfrentar para que se pense em fôlego na economia. E isso não passa pelo aumento de tributos”, ressaltou o professor Eduardo Sabbag, coordenador da Estácio CERS. Também marcou presença no painel a advogada tributarista, Stael Freire.

Já o painel “Tributos e finanças em tempos de pandemia” tratou em linhas gerais do enfrentamento da situação atual e garantia da justiça tributária no Brasil. Para os debatedores, é essencial se pensar a questão tributária sem tomar decisões precipitadas motivadas pela crise e que poderão ser instaladas de forma permanente num momento posterior.

Os painelistas concordaram que é preciso propor uma tributação justa que abranja aspectos microeconômicos, tais quais a distribuição de renda e o incentivo fiscal para atividades-chave. “Não é possível pensar num Brasil pós pandemia, fora do caos, se não revermos o sistema tributário que é um dos mais injustos do mundo. A responsabilidade fiscal deve andar paralelo à responsabilidade social” pontuou a senadora Simone Tebet.

Telecomunicações e Economia Digital

O painel “Telecomunicações e a nova economia digital em tempos de pandemia” contou com a participação da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), do ministro das Comunicações, Fábio Faria, e do presidente da ANATEL, Leonardo Euler de Morais. As autoridades abordaram temas como aumento da conectividade no Brasil, infraestrutura de telecomunicações, ampliação de redes e novas possibilidades e recursos para que a população do interior do país possa ter acesso às novas tecnologias.

O ministro Fábio Faria falou ainda sobre os “desertos digitais” que existem no país e que a pandemia mostrou a necessidade de se avançar em todas regiões para ampliar a oferta de internet e telefonia móvel nesses locais. Ele afirmou ainda que é possível atuar junto com as operadoras para garantir conectividade, internet e telefonia móvel, atuando para ampliar a qualidade de vida e o oferecimento de serviços em milhares de municípios e distritos de todo o Brasil.

Intervenções estatais

No painel "Intervenções Estatais na Propriedade e na Liberdade em tempos de pandemia" a presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP e presidente do GELEDÉS - Instituto da Mulher Negra, Maria Sylvia Aparecida de Oliveira, destacou que uma parcela da população tem seus direitos sistematicamente negados apesar das previsões formais, inclusive constitucionais. "Negros e negras são uma parcela da população para o qual nunca se reconheceu as liberdades civis e estão alijadas dos direitos previstos", afirmou. Para Maria Sylvia, o direito é um elemento importante na estruturação do racismo e citou contextos de formação legal ao longo do século XIX para exemplificar seu argumento.

O vice presidente da OAB-AL, Vagner Paes Cavalcanti Filho, analisou as restrições previstas na Lei 13.979/2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia, e seus impactos sob o ponto de vista da constitucionalidade dos dispositivos ali contidos. Segundo ele, o ordenamento não pode ser visto como algo estático, imutável e acabado e sugeriu a aplicação do conceito da ponderação para lidar com as restrições conflitantes trazidas na lei frente aos princípios constitucionais.

Neste terceiro dia de evento, também merece destaque a atuação da presidente da Comissão Especial de Direito Internacional da OAB Nacional, Ana Beatriz Presgrave, que foi moderadora do painel sobre “O Impacto da covid-19 no Direito Internacional”; da vice-presidente da OAB-AP, Patrícia de Almeida Barbosa, no painel “O Futuro do Mercado Jurídico, da Gestão Tecnológica dos Escritórios e do Trabalho” e da vice-presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basílio, no painel “A Contribuição de Sylvio Capanema ao Direito”.  

 

 

Congresso debate temas como prerrogativas, jovem advocacia e advocacia pública

Um dos painéis do I Congresso Digital Nacional da OAB, desta quarta-feira (29), trouxe para o debate a “Criminalização da Violação das Prerrogativas da advocacia”. A discussão sobre o tema contou com a participação do presidente da OAB-DF, Délio Lins e Silva, e do deputado Fábio Trad (PSD-MS), presidente da Frente Parlamentar da Advocacia no Congresso Nacional. O debate apresentou um histórico da tramitação do dispositivo legal que culminou em uma das maiores conquistas da advocacia após 14 anos de luta no parlamento.

Fábio Trad explicou que a vitória foi possível a partir de uma atuação irmanada da frente parlamentar com a diretoria do Conselho Federal da OAB, atual e de gestões passadas, demonstrando uma enorme união da advocacia contra os abusos perpetrados por autoridades públicas contra os advogados. Já Délio Lins e Silva ressaltou o aspecto pedagógico da nova lei, com diversas autoridades entendendo que é necessário respeitar as prerrogativas da advocacia, porque na verdade elas são prerrogativas dos cidadãos. Para ele, não se transige com as prerrogativas, que são direitos da advocacia e da cidadania.

Jovem advocacia

O contexto da jovem advocacia foi debatido no painel com o tema "Superando as Dificuldades da Jovem Advocacia em tempo de pandemia". O encontro teve a participação do criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defendeu que a advocacia deve lutar em defesa da democracia e da Constituição mesmo em tempos em que existam flertes com o autoritarismo.

Ao se dirigir de maneira mais específica aos jovens advogados, ele lembrou um conselho que recebeu do jurista Evandro Lins. "A certa altura perguntei que conselho ele daria a um estagiário. Ele disse uma coisa que servirá para a vida toda. Ele disse para que lêssemos os clássicos, para que lêssemos poesia, romances, ficção, revistas e, se sobrar tempo, leia Direito. Isso é uma coisa fundamental em qualquer época, mesmo nesse mundo mais virtual é importante que as pessoas tenham o objetivo de ter uma formação humanista forte", disse Kakay.

Assistência à advocacia

Com o tema "Assistência aos Advogados em tempos de pandemia, o painel teve a participação do coordenador nacional das Caixas de Assistência, Pedro Alfonsín, e dos presidentes das caixas de assistência do Piauí, Andréia de Araújo Silva, de Rondônia, Elton Sadi Fulber, e São Paulo, Luís Ricardo Vasques Davanzo, que falaram sobre as experiências vidas em seus estados.

Alfonsín criticou o excesso de cursos de direito e apontou que esse quadro cria um cenário a mais de dificuldade para a jovem advocacia que enfrenta no início de sua carreira uma concorrência agressiva. Ele falou também sobre o apoio que as caixas de assistência têm prestado durante o período da pandemia, incluindo apoio financeiro a profissionais em comprovada dificuldade financeira. "Conheça as estruturas das caixas de assistência. Entre nos sites delas. Procure o presidente, os diretores e os delegados de caixa de assistência nas subseções e saibam o que a advocacia faz por você, o que o sistema OAB entrega em retorno de sua anuidade", incentivou Alfonsín

Advocacia pública

Com a moderação do presidente da Comissão Nacional de Advocacia Pública da OAB Nacional, Marcello Terto, “Advocacia pública em tempos de pandemia” foi o tema do painel que debateu como os métodos consensuais de solução de conflitos podem ajudar a solucionar conflitos judiciais, sob as perspectivas de negócios processuais e transações tributárias, bem como as formas como a administração pública pode se valer desse instituto para atender ao interesse público.

Os palestrantes Marco Antônio Rodrigues, professor da UERJ; Marco Aurélio Ventura Peixoto, presidente da Comissão de Advocacia Pública da OAB-PE; e Rita Nolasco, professora da PUC-SP,  destacaram o papel do poder público no combate à pandemia, por meio de estímulos a setores econômicos, ao abordar que o momento atual é da era da consensualidade na administração pública e que a visão da advocacia pública litigiosa ficou para trás.

O painel ressaltou que a advocacia pública é crucial no controle dos negócios processuais, pois envolve controle prévio, além do dever de propor a celebração de negócios jurídicos, uma vez que a administração pública deve atuar de forma proativa. Além disso, salientou a possibilidade de os contribuintes poderem levar ao fisco suas necessidades, de forma que sejam pactuadas uma solução, mantendo o fluxo arrecadatório.

Gestão e inovação

As interfaces entre a advocacia e empreendedorismo foram discutidas no painel “Gestão, empreendedorismo e inovação na advocacia Pós-COVID-19”.  Se hoje o mundo tenta entender e se adaptar a situações complexas provocadas pelo novo coronavírus, ao mesmo tempo surgem novas ideias para lidar com essas situações, inclusive no direito. E isso acaba impactando tanto a profissão como o negócio, que precisa se atualizar para lidar com as mudanças.

“Quando o universo da gestão encontra o universo da advocacia, grandes revoluções acontecem”, destacou a presidente da Comissão Especial de Gestão, Empreendedorismo e Inovação da OAB Nacional, Lara Selem. O painel foi conduzido pela conselheira federal da OAB, Cláudia Bernardino e contou com a participação do conselheiro federal da OAB, Rodrigo Badaró, e da presidente da Comissão de Apoio Profissional da OAB-AL, Natália França Von Sohsten.

Processos virtuais

“Audiências e julgamentos virtuais e processo eletrônico: avanços e retrocessos” foi o assunto abordado no painel 96 que teve a moderação do presidente da OAB-PE, Bruno de Albuquerque Baptista. As palestras tiveram à frente o presidente da OAB do Acre, Erick Venâncio Lima do Nascimento, e do conselheiro do CNJ, Luiz Fernando Tomasi Keppen.

O painel debateu a necessidade de se repensar a implantação de ferramentas tecnológicas, de forma açodada, pois essa dinâmica pode dificultar o trabalho dos advogados. Os palestrantes destacaram, ainda, que o papel da OAB será fundamental na pós-pandemia, no apoio à advocacia. Os palestrantes alertaram para a necessidade do Judiciário observar a imposição ao advogado e ao jurisdicionado de atos por meio eletrônico, pois há comarcas mais isoladas, cuja estrutura ainda não se mostra possível.

 

 

 

Painéis abordaram o funcionamento do judiciário e seus impactos durante a pandemia

Em um momento de precarização nas relações trabalhistas e de crise na economia, com fechamento de vagas formais e de empresas, o I Congresso Digital Nacional da OAB debateu, nesta quarta-feira (29), “A Indispensabilidade das Entidades Sindicais e sua Importância nas Negociações Empregado/Empregador”, com a participação de especialistas ligados aos direitos sociais, sindicalismo e o mundo do trabalho.

A advogada Maria Cristina Carrion foi a mediadora do painel que abordou temas como o papel dos sindicatos na pacificação de conflitos, a função negocial e assistencial dessas entidades, o mecanismo de representação, a atuação do movimento sindical na preservação da dignidade de pessoa humana e os ataques que são feitos aos dirigentes e às instituições sindicais. O painel reforçou ainda a importância da defesa dos direitos sociais e do movimento sindical para a retomada da economia no país e no mundo, para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Sistema carcerário

Os problemas do sistema carcerário brasileiro em meio a pandemia do novo coronavírus foram abordados no painel “Sistema Carcerário e a Responsabilidade dos Operadores de Direito”, com a participação de criminalistas e de um magistrado que atua na linha de frente no enfrentamento às falhas do sistema prisional. O debate contou com a participação de Cristina Lourenço, vice-presidente da OAB-PA, e de José Roberto Batochio, membro honorário vitalício da OAB Nacional.

Cristina abordou os problemas relacionados à população feminina nos presídios brasileiros e os impactos negativos da pandemia no gerenciamento dessas mulheres nas unidades de internação. Ela explicou que a grande maioria é composta por mulheres em situação de vulnerabilidade econômica e que a pandemia acabou por ampliar a discriminação e o preconceito contra elas.

Já Batochio focou a apresentação nos dados e no histórico referentes à população carcerária no Brasil, que registrou um grande aumento na última década. Ele defendeu ainda que o Judiciário deve analisar os números e entender a gravidade da pandemia, seguindo orientações do Conselho Nacional de Justiça para que presos do grupo de risco possam progredir de regime e que as prisões preventivas sejam utilizadas com parcimônia.

Direito de transição

O momento é de transição entre o que era antes e como será depois da pandemia. E, para falar sobre as normas que estão em vigor e fazendo com que a Justiça se mantenha em funcionamento nesse momento, o painel “O Direito de Transição em tempos de crise pandêmica” trouxe os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Marcelo Navarro Ribeiro Dantas e Paulo Sanseverino; e o juiz do Tribunal de Justiça da Bahia, Pablo Stolze.

Para os palestrantes, várias das mudanças culturais resultantes do momento histórico devem permanecer com o fim desse período, e é necessário refletir e se preparar para elas. “Esse novo normal vai exigir uma readaptação até mesmo da nossa linguagem jurídica, que deve ser mais objetiva a exemplo do meio digital”, exemplificou o ministro Paulo Sanseverino. Entre as mudanças comentadas, a principal é ampliação das transformações tecnológicas no exercício do Direito.

Contratação direta

Diante da situação de urgência provocada pela pandemia, o painel “Contratações Diretas” analisou as formalidades exigidas na contratação pelo poder público sem processo licitatório. Para a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cristiana Fortini, “o fato de termos um regime de contratação emergencial específico para a pandemia não significa dizer que o gestor público está autorizado a lançar mão disso sem observar alguns ditames. Para obras, por exemplo, não há essa dispensa. É necessário apresentar motivadamente as circunstâncias práticas que justifiquem a requisição de uma contratação direta. O que o gestor tem de ter em mente é que licitar é a regra. Logo, ao buscar a exceção, ela deve ser muito bem fundamentada”.

Atos administrativos

O painel “Os atos da administração e responsabilidade em momentos de pandemia” contou com palestras dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Benedito Gonçalves e Napoleão Nunes Maia Filho, e do ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Tarcísio Vieira. As discussões se centraram nas ações adotadas pelo STJ, durante a pandemia, para facilitar o acesso à Justiça e aumentar a produtividade dos julgamentos.

Entre as medidas adotadas, foram citadas a suspensão dos prazos processuais, as sessões por videoconferência e o atendimento às partes e aos advogados, que continuaram sendo feitos por meios remotos. O painel também destacou o dever de juízes em atender aos advogados, profissionais essenciais à administração da Justiça.

A Lei nº 13.979/2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública, principalmente a dispensa de licitação para aquisição de insumos, também foi abordada com destaque para a atenção que os órgãos de controle deverão ter para evitar a má gestão dos recursos públicos.

TRF4 mantém decisão da OAB de suspensão cautelar de advogado por publicidade irregular

O Tribunal Regional Federal da 4ª região convalidou a decisão de suspensão preventiva cautelar da inscrição de advogado inscrito na OAB gaúcha por captação ilegal e publicidade irregular. Na decisão é negado o pedido de tutela antecipada antecedente apresentada pelo profissional que solicitava a reintegração nos quadros da Ordem e a suspensão da sessão de julgamento no Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-RS. 

No documento, o TRF4 reconhece a competência do presidente da OAB da seccional do Rio Grande do Sul de suspender cautelarmente a inscrição do advogado dado o caráter de urgência em defesa da classe. “Tratando-se de medida de natureza cautelar, pode ser adotada com urgência, sem oitiva do advogado a quem aplicada a suspensão cautelar, desde que os atos perante a Comissão de Ética percorram o devido processo legal”, aponta trecho da decisão. 

Segundo o secretário-geral adjunto da OAB Nacional, Ary Raghiant Neto, que é coordenador nacional de fiscalização da atividade profissional da advocacia, “a decisão do TRF4 é mais uma manifestação de cunho judicial a favor da OAB, no combate ao abuso publicitário e ao exercício ilegal da advocacia. A OAB-RS está de parabéns, pois está na vanguarda no que diz respeito às ações de fiscalização”.

A Coordenação Nacional de Fiscalização da Atividade Profissional da Advocacia da OAB Nacional recebeu denúncia sobre a realização de captação ilegal de causas com a intervenção de terceiros e encaminhou para a OAB-RS. O advogado utilizava um site e compartilhava vídeos no YouTube de uma empresa, sem registro na OAB e de prestação de consultoria em gestão empresarial, para angariar clientes com a oferta de homologação em juízo de acordo trabalhista extrajudicial, atividade em que é obrigatória a representação por um advogado.  O profissional teve o registro da OAB suspenso cautelarmente por captação e publicidade irregular.

Anteriormente, no dia 17 de julho, a 5ª Vara Federal de Porto Alegre já tinha acolhido e entendido a necessidade da suspensão cautelar do advogado até o julgamento do Tribunal de Ética e Disciplina em razão da gravidade dos fatos de tentativa de captação ilegal e mercantilização da profissão. As decisões não se confundem com o próprio processo ético disciplinar, que seguirá o devido processo legal na OAB do Rio Grande do Sul.


Conferências magnas debatem o sistema jurídico em tempos de crise

O I Congresso Digital da OAB chega ao seu terceiro dia de atividades, nesta quarta-feira (29), com a conferência magna de abertura “Precedente na Justiça Constitucional de Portugal e no Brasil”. A palestra foi proferida pelo professor Catedrático da Universidade de Lisboa, Carlos Blanco e teve o presidente da OAB Ceará, Erinaldo Dantas, na condução dos trabalhos. Na sequência foram realizadas exposições pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e o advogado e professor da PUC-RJ, José Roberto de Castro Neves.

Ao abordar o tema, Carlos Blanco citou casos de julgamentos pontuais da Corte Portuguesa, para exemplificar a aplicação do sistema de precedentes daquele país e suas diferenças quanto ao sistema adotado no Brasil. “Em Portugal, diferente do Brasil, o precedente não tem força jurídica. As decisões de inconstitucionalidade, com eficácia geral, não têm efeito vinculante, mas o Tribunal Constitucional português é muito fiel as suas orientações adotadas no passado”.

Quanto aos precedentes em tempo de crise, o professor destacou que o tribunal português criou o critério constitucional da necessidade financeira, derivado da natureza das coisas, invalidando várias leis restritivas aos direitos fundamentais, mas com demarcação de lapso temporal, ou seja, adotou a chamada cláusula temporária dos sacrifícios.

“À medida que o tempo passa, o Estado tem obrigação de equilibrar as contas públicas sem a custo de cortes”, disse Blanco, ao mencionar que os efeitos da atual pandemia em Portugal registrarão queda do PIB de 9% e impactos financeiros muitos significativos. Ao falar sobre o sistema de precedentes no Brasil, ressaltou que “o direito positivo brasileiro reforça, de uma forma muito significativa, a importância do precedente, catalisando como jurisprudência dominante que permite segurança jurídica e concede aos cidadãos calcular seus futuros comportamentos”.

Atuação do STF durante a pandemia

A segunda conferência magna foi ministrada pelo ministro Alexandre de Moraes que abordou a atuação da suprema corte durante a pandemia. Os trabalhos da mesa foram presididos pelo membro da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da OAB e professor da Universidade de São Paulo (USP), Manoel Carlos de Almeida Neto.

Moraes destacou que já são mais de duas mil ações individuais e coletivas impetradas no STF, somente durante a pandemia, tratando sobre o tema. “A prestação jurisdicional não pode cessar durante uma crise muito pelo contrário, é nessas horas que os poderes constituídos devem efetivar ações que minorem os efeitos nefastos de uma epidemia mundial. As três funções clássicas do STF e das quais não pode afastar-se, sobretudo agora, são prover equilíbrio federativo, equilíbrio entre os poderes e manter o equilíbrio na República. Esta última é contra majoritária e, não raras vezes, é má compreendida. Minorias também são sujeitos de direitos. Logo, durante a pandemia, essas três funções têm seu valor ressaltado pelo STF. Isso fica muito claro nas decisões recentes envolvendo a repartição de competências constitucionais nesse período em que vivemos”, afirmou o ministro.

Papel da advocacia

O advogado e professor José Roberto de Castro Neves trouxe um panorama do Direito desde a Idade Média até os dias atuais para a conferência magna “Como os advogados salvaram o mundo – e como continuarão salvando?”. Baseada em livro publicado pelo professor, a conversa foi conduzida pelo presidente da OAB-ES, José Carlos Rizk Filho.

Neves destacou que os detentores do conhecimento jurídico tiveram importância decisiva nos grandes acontecimentos da humanidade e serão fundamentais para a reconstrução pós pandemia. “Nós somos os primeiros a notar quando o modelo não está adequado. Somos os primeiros a verificar que há um abuso, visto que nossa atuação fica comprometida. Claro, temos de ser os primeiros a gritar”, pontuou.

Luiz Edson Fachin: A opção pela democracia

Eleições periódicas fazem parte da saúde constitucional de uma sociedade democrática. Consistem em antídoto para o descontentamento com agentes públicos, a desinformação e disseminação do ódio, e para o aumento da percepção da corrupção. O olhar se volta para as eleições 2020. Vêm à tona tema...