Ex-presidente da OAB escreve no Estadão sobre CPC e honorários

“A histórica vitória obtida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para a advocacia no Superior Tribunal de Justiça (STJ) é um exemplo robusto da complexidade do processo legislativo brasileiro, que frequentemente demanda a atuação social para se ver efetivado”. É o que aborda o artigo do ex-presidente da OAB nacional e membro honorário vitalício Marcus Vinicius Furtado Coêlho no jornal O Estado de S. Paulo de terça-feira (22/3). O texto está disponível na página do jornalista Fausto Macedo, do Estadão, que é referência na cobertura de temas jurídicos.

“O processo de construção dos marcos legais, como sabido, não termina com a sanção presidencial a uma lei ou a promulgação de uma Emenda pelo Congresso. A partir desses atos, começa uma nova fase à qual os diplomas legais são submetidos: a conformação social. Nessa etapa, as instituições, sobretudo as organizações civis, exercem papel fundamental na busca pelos aperfeiçoamentos necessários às normas, sejam aprimoramentos de redação ou a segurança de que elas são corretamente aplicadas. Já se disse que a luta faz o direito” afirma ainda o presidente da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da OAB . 

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Combate à fome é tema de encontro entre OAB e Ação da Cidadania

Dirigentes da OAB Nacional e da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida se reuniram na manhã desta quarta-feira (23/3), em Brasília. O presidente nacional da Ordem, Beto Simonetti, recebeu o presidente do Conselho da Ação da Cidadania, Daniel Souza, e o diretor-executivo da entidade, Kiko Afonso. A presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Silvia Souza, também participou do encontro.

Simonetti primeiro reconheceu a luta histórica da Ação da Cidadania – iniciada pelo ícone Betinho, o sociólogo Herbert José de Sousa (1935-1997). Depois, colocou a Ordem à disposição para uma caminhada conjunta. “A OAB, enquanto voz da cidadania, não medirá esforços para contribuir com o combate à mazela da fome, que ano após ano vitima milhares de pessoas no Brasil”, disse.

Agir com viés jurídico

Para Daniel Souza, a aproximação com a OAB representa um importante passo na disseminação das ações a nível nacional. “Diante da fome no atual cenário brasileiro, não há razões para otimismo. Queremos agir não somente enquanto atores da sociedade civil, mas também com o viés jurídico da OAB, de modo a criar uma força que, de fato, apresente soluções efetivas para o problema da fome. Sabemos que é também uma questão política. A gente faz uma campanha gigante há trinta anos, mas o que realmente vai resolver a questão da fome é a política pública”, observou.

Em setembro de 2021, a OAB – com o apoio técnico da Ação da Cidadania – ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 885, com pedido de medida cautelar, para obrigar o governo federal a adotar medidas e conduzir políticas públicas de combate à fome no Brasil. A ação se encontra conclusa ao relator e tem por objetivo questionar as omissões do governo federal na gestão da crise alimentar agravada pela pandemia da covid-19. Omissões essas que violam preceitos fundamentais da Constituição Federal.

Lamachia lembra sequência de lutas até a decisão vitoriosa sobre honorários

Presidente nacional da OAB entre 2016 e 2019, Claudio Lamachia foi fundamental na vitória obtida no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela OAB a favor da aplicação do artigo 85 do CPC. Lamachia teve artigo publicado na terça-feira (22/3) no jornal O Estado de S. Paulo, no qual avaliou a fixação dos honorários advocatícios, além de lembrar o histórico de lutas até a conquista recente. 

“A decisão consolida uma sequência de conquistas que preservam e confirmam o direito elementar da justa remuneração e que fortalecem as prerrogativas da advocacia. Em termos históricos, esse é um marco para a advocacia brasileira. No curto prazo, no entanto, trata-se de um alento para quem luta no dia a dia das petições e dos fóruns neste período de instabilidades econômicas”, afirma, no artigo. 

“Participei do início desse movimento como presidente da OAB do Rio Grande do Sul. Depois, tive a honra de colaborar com sua continuidade como vice e, depois, presidente nacional da OAB e, agora, tenho tido a oportunidade de colaborar com meus sucessores para avançarmos sempre mais. Como testemunha e ator desse processo, posso dizer que os avanços legislativos só se fizeram e só se farão efetivos a partir de ainda mais trabalho por parte da advocacia. E isso a OAB tem feito muito bem, em prol da classe que representa”, sustenta no texto. 

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OAB e peritos da PF discutem pautas comuns em defesa das garantias individuais

O presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, recebeu nesta quarta-feira (23/3) a visita do presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, na sede do Conselho Federal, em Brasília. 

Na reunião, os presidentes discutiram pautas comuns em defesa das garantias individuais. Entre os assuntos abordados, estão a reforma do Código de Processo Penal (CPP), a essencialidade da cadeia de custódia para a persecução penal e a valorização da prova material. 

Simonetti destacou que a Ordem tem preocupações em comum com os peritos criminais da PF.  Uma delas é a recorrência de prisões equivocadas causadas, por exemplo, pelo uso isolado do reconhecimento facial e das delações premiadas como elemento de prova.

“Essas ferramentas não podem, sozinhas, embasar prisões e condenações, mas é isso que tem ocorrido, causando enorme prejuízo à cidadania e ao direito de defesa. Vamos trabalhar em conjunto para fazer valer a lei e os direitos dos cidadãos”, disse Simonetti sobre a reunião. 

Marcos Camargo parabenizou Beto Simonetti pela posse na OAB para o triênio 2022-2025 e reforçou a importância da entidade para a defesa das garantias individuais. “A perícia criminal tem muitas pautas convergentes com a OAB e sempre a vimos como uma parceira. É necessário mantermos o diálogo, sobretudo para temas que dizem respeito à sociedade, como a reforma do CPP e a cadeia de custódia da prova. A perícia e a advocacia têm papel fundamental no sistema de Justiça.”

Paridade da OAB é referência para outras instituições, diz Milena Gama

Antes de pensar em atuar institucionalmente na OAB, Milena Gama já era chamada pelos colegas para tarefas em prol da defesa das prerrogativas. Isso ocorreu desde o início de sua carreira, em 2001, porque ela já tomava providências sempre que via uma violação ao exercício da profissão. Hoje secretária-geral adjunta da OAB Nacional, ela afirma ter orgulho do pioneirismo da entidade na adoção da paridade de gênero. “Somos referência para outras instituições", explica.

Advogada criminalista do Rio Grande do Norte, Milena Gama hoje é secretária-geral adjunta da OAB Nacional. Ao lado de Sayury Otoni, secretária-geral, compõe a pioneira diretoria paritária da história da Ordem – conquista da militância das advogadas que passou a valer a partir das eleições de 2021 da entidade.

Ao ingressar no sistema OAB de seu Estado, Milena passou a se interessar pelos temas da ética e da disciplina. No Conselho Federal, coincidentemente ela agora é responsável pela coordenação dos trabalhos da Segunda Câmara, que julga e analisa recursos sobre ética e deveres dos advogados, infrações e sanções disciplinares, editando resoluções regulamentares ao Código de Ética e Disciplina.

Milena se formou na Universidade Potiguar, do Rio Grande do Norte. Depois, fez duas pós-graduações, uma na Escola Superior da Magistratura e a outra na Escola Superior do Ministério Público. Em seguida, fez uma especialização na LFG, especializada em cursos preparatórios e pós na área jurídica, e na Universidade Anhanguera – nesta última, se aprimorou na área criminal. A partir de então, começou a trabalhar com o irmão, também advogado.

"Na época, eu vi poucas mulheres de referência na área, porque a minha referência era meu tio. E, depois, foi o meu irmão, Flaviano Gama. E aí pensei: ‘Não é possível não ter alguém que seja uma referência’. Eu sei que o direito sempre foi considerado uma área masculina. E o criminal era considerado área masculina ao quadrado. Era bem mais propensa aos homens, por causa exatamente da matéria em si. Mas, desde o início, eu topei esse desafio", conta.

Milena quis reescrever essa história e, assim, decidiu abrir o próprio escritório. Nas andanças entre fóruns, audiências, presídios, observou tratamentos diferenciados entre mulheres e homens. Ela lembra que, ao entrar em presídios do Rio Grande do Norte, era necessário passar por revistas que incluíam tirar o sapato pelo salto, que podia conter alguma parte de metal, e por vezes ser questionada sobre o modelo do sutiã, pelo aro de metal que alguns têm.

"A minha paixão pelo conceito da liberdade era maior do que esses ambientes insalubres", afirma, acrescentando que, desde então, observava quão poucas eram as mulheres criminalistas. E assim era também na OAB. Colegas que acompanhavam sua atuação firme lhe perguntavam por que ela não participava de uma comissão de prerrogativas.

Milena, na época, pensava que a carreira seria construída apenas na advocacia e que não seria possível conciliar as duas funções. Mas que poderia atuar no âmbito individual, sempre que testemunhasse violações de prerrogativas. Um grupo de advogados criminalistas, conhecendo o talento de Milena, a inseriu no Conselho da Seccional potiguar.

Lá, ela tocou um projeto de agentes de prerrogativas – o que representava a possibilidade de advogados que vivessem constrangimentos em trabalho ou que imaginassem que pudessem ser submetidos a algo do tipo chamassem um advogado qualificado pelo projeto para acompanhar esse tema em específico.

"Esse foi um projeto que a gente começou aqui em razão da dificuldade que eu estava vendo (na área criminal) e que era um desestímulo também para muitos advogados estarem nessa área, por essas violações de agente públicos em presídios, fóruns, delegacias. E eu via também que eram dificuldades, sobretudo com relação às mulheres. Era demais. Eu tive até casos pessoais de revistas para entrar no presídio. E isso gerou muito descontentamento, quando advogadas passam por essa situação vexatória", diz.

Em razão dessa atuação no Conselho Estadual, na outra gestão ela foi chamada a fazer parte da diretoria da OAB do Rio Grande do Norte, quando exerceu a função de corregedora e secretária-geral adjunta do estado. Nessa época, Milena trabalhou muito com processos éticos e foi capaz de reduzir consideravelmente o índice de prescrições e de nulidades, realizando uma organização interna dos procedimentos, o que ela busca como horizonte também para o Conselho Federal.

“Advocacia sem Assédio”
Milena Gama é uma entusiasta da campanha “Advocacia sem Assédio”, lançada pela OAB para conscientização, prevenção e enfrentamento ao assédio moral e sexual no universo jurídico – e que vai ter uma vertente de educação, bem como um canal de denúncias. No evento de lançamento, ela afirmou que mais espaços deverão ser criados para aprofundamento do tema.

"A campanha é visionária. Deve ser falada, lembrada todos os meses do ano. Eu disse à Cristiane (a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Cristiane Damasceno) para colocarmos o mês de março apenas como o início. E postergar isso, porque a lembrança com relação à questão do assédio tem que ser diuturna. O advogado precisa ter consciência, e a advogada precisa ter um ambiente saudável de trabalho para que ela desempenhe sua função de uma forma saudável. Quando eu falei que precisa de aprofundamento, é questão de tempo. Todos os dias, todos os anos, tem que seguir", enfatiza.

“Mas o trabalho do início da trajetória no Sistema OAB também seguirá firme e, eventualmente, unindo os dois temas. A minha área não tem apenas a parte da corregedoria. Eu fico também responsável pela Coordenação Nacional de Fiscalização e eu tenho algumas ideias com relação à fiscalização e o trabalho voltado para as mulheres, que ainda vou aprimorar”, adianta.

Sobre a temática da ética e disciplina, é por meio dela que Milena Gama entende ser possível ampliar a valorização da profissão. "Essa valorização parte efetivamente das prerrogativas fortes e de uma ética atuante. A nossa corregedoria vai tentar durante esse triênio, tentar e concretizar, estar focada em orientação dos profissionais e na qualificação dos nossos procedimentos", diz.

Uma das preocupações é quanto à prescrição, que deixa insatisfeitos o advogado que desejaria fazer a defesa do caso em que foi envolvido, mas não pode se defender plenamente, e o representante que quis que aquela causa desse resultado e, no entanto, viu uma impunidade.

Com base nessa apreensão, o plano é contribuir para a qualificação dos julgadores para reduzir as nulidades, retrocessos e prescrições. O trabalho de capacitação começou no Mato Grosso e vai percorrer todos os estados do Brasil.

"E, fora isso, a gente vai também iniciar um outro programa, de aprimoramento, que é um estudo das questões mais sensíveis do Tribunal de Ética. Tudo com a finalidade de não cometermos erros no processo ético. É o projeto orientativo da ética. E a vertente dessa gestão é focar em orientação. Aí, a partir do momento em que a gente consegue chegar ao advogado e instruí-lo sobre a ética profissional, a gente consegue da raiz cortar o mal", conclui Milena.

OAB e Anafe alinham pautas da advocacia pública federal

A OAB Nacional e a Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe) tiveram, na manhã desta quarta-feira (23/2), um encontro para diálogo institucional. O presidente da Ordem, Beto Simonetti, recebeu em seu gabinete dirigentes da Anafe para tratar de demandas das carreiras da advocacia pública federal.

Simonetti destacou que a OAB não faz qualquer distinção representativa entre a advocacia pública e a privada.  “Somos todos advogados, somos todos a voz do cidadão. O que buscamos é o fortalecimento da profissão como um todo, seja na esfera privada ou na pública. Na pública, a Ordem batalha para que a advocacia tenha a tão sonhada autonomia efetiva e o respeito irrestrito às suas prerrogativas”, apontou.

O presidente da Anafe, Lademir Gomes da Rocha, agradeceu o apoio e a acolhida da OAB, bem como reforçou a confiança da advocacia pública na gestão de Simonetti. O mandatário também falou sobre o trâmite de matérias legislativas que afetam a carreira. 

“Destaco um grupo de trabalho, implementado semana passada no Congresso Nacional, que carrega a nomenclatura de ser voltado ao aprimoramento da advocacia pública federal. Mas preocupa à Anafe o fato de que algumas discussões podem ser o pano de fundo para questões na contramão, ou seja, em prejuízo das carreiras. É o caso dos honorários da advocacia pública”, alertou.

Em resposta, Simonetti destacou que “a atuação legislativa em favor dos pleitos da advocacia pública federal já é ponto permanente de atenção da OAB e que é perceptível a boa vontade legislativa em dialogar com a instituição, de modo que há otimismo para que as demandas avancem de modo positivo”.

Também participaram do encontro a vice-presidente da Anafe, Luciana Hoff; a diretora de Assuntos Institucionais, Patrícia Rossato Nunes; e o indicado da OAB para a vaga de conselheiro do CNJ, Marcello Terto, que é ex-presidente da Comissão Nacional da Advocacia Pública da OAB.

OAB atua por continuidade de serviços durante greve no INSS

O Conselho Federal da OAB enviou, nesta quarta-feira (23/3), um ofício ao presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), José Carlos Oliveira, e ao procurador-geral federal do órgão, Virgílio Ribeiro de Oliveira, com pedido de informações sobre as providências que o órgão está tomando para manter o atendimento à advocacia e ao público durante a greve de servidores anunciada para ter início nesta quarta-feira. O ofício é uma iniciativa conjunta da OAB, Defensoria Pública da União (DPU) e Ministério Público Federal (MPF).

“Queremos assegurar que a paralisação não ocasione ainda mais prejuízos aos beneficiários e aos seus advogados, que já lidam com longas filas e espera. A OAB cumpre, portanto, sua dupla função de atuar em favor da sociedade e da advocacia”, afirmou o presidente nacional da entidade, Beto Simonetti.

O vice-presidente nacional da OAB, Rafael Horn, lembra que, em 2021, houve uma paralisação que prejudicou a advocacia e também os cidadãos. “Não podemos ter isso repetido agora. A OAB está aberta ao diálogo, atenta à proteção dos direitos sociais e vigilante em relação às prerrogativas das advogadas e advogados”, disse Horn.

Bruno Baptista, presidente da Comissão Especial de Direito Previdenciário, ressalta que a grande preocupação da OAB, MPF e DPU é com o segurado da Previdência Social, que não pode ter o atendimento prejudicado em razão do estado de greve dos servidores. "Já existe uma grande fila de espera virtual para a análise de benefícios e esta situação do cidadão, na maioria das vezes hipossuficiente, que aguarda a concessão de um benefício, não pode ser ainda mais agravada", afirmou.

A vice-presidente da Comissão Especial de Direito Previdenciário e conselheira federal por Santa Catarina, Gisele Kravchychyn, afirma que a preocupação da Ordem é “que o atendimento aos segurados e à advocacia não seja afetado de maneira muito brusca pela greve, em especial porque são muitas pessoas aguardando análise de benefícios ou revisão”.

Requerimentos

O ofício enviado nesta quarta-feira ao INSS considera que o anúncio da nova paralisação, por tempo indeterminado, agrava o passivo de processos que aguardam conclusão de análise (mais de um milhão) pelo INSS, a previsão de retorno dos atendimentos espontâneos nas agências da Previdência Social para 4 de abril e a exclusividade dos serviços prestados pela Previdência Social e a essencialidade, em face do caráter alimentar dos benefícios previdenciários e assistenciais (BPC).

Desta forma, a OAB, o MPF e a DPU pedem "o fornecimento dos esclarecimentos, com a urgência que o caso requer". Os questionamentos são:

1) Quais as medidas administrativas e judiciais adotadas, por essa Autarquia e pela Procuradoria Federal Especializada, para a manutenção do quantitativo mínimo de peritos médicos necessários ao atendimento dos beneficiários?

2) Atualmente, qual o tempo médio de espera, por Superintendência Regional, para a conclusão de análise dos requerimentos administrativos?

Pela OAB Nacional, assinam o ofício o presidente e o vice-presidente da instituição, Beto Simonetti e Rafael Horn, respectivamente. Pelo MPF, as procuradoras regionais da República e representantes da 1ª CCR Previdência e Assistência Social, Zélia Luiza Pierdoná e Cristiana Koliski Taguchi são as signatárias. E, por fim, a defensora pública federal e coordenadora da Câmara de Revisão e Coordenação Previdenciária, Fernanda Hahn, e a defensora pública federal e defensora regional de Direitos Humanos no Rio de Janeiro, Shelley Duarte Maia assinam pela DPU.

Atuação permanente

Em fevereiro deste ano, OAB, DPU e MPF já haviam manifestado preocupação com o possível prejuízo aos beneficiários durante a paralisação dos peritos médicos da Previdência, marcada para 8 e 9 de fevereiro. Desde fevereiro, os órgãos fazem alertas quanto ao risco de prejuízos e afirmam que, em 31 de janeiro, houve violação ao princípio da continuidade do serviço público, diante da essencialidade das atribuições exercidas pelos peritos médicos federais, bem como do noticiado pela ANMP de que a adesão foi “de cerca de 90% dos servidores”.

Confira a íntegra do ofício clicando aqui

“Nosso objetivo é fortalecer ainda mais a defesa das prerrogativas”, afirma Ricardo Breier

Após a histórica vitória da advocacia no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com a fixação dos honorários de sucumbência em obediência aos critérios estabelecidos pelo novo Código de Processo Civil (CPC), a defesa das prerrogativas na nova gestão da OAB Nacional já atua em diversas outras frentes para proteger advogados e advogadas de todo o país.

Um dos responsáveis pela estratégia da entidade é o advogado criminalista Ricardo Breier, ex-presidente da seccional da Ordem no Rio Grande do Sul (OAB-RS) por duas gestões (2015/21) e com atuação em cargos de destaque no sistema OAB há pelo menos 15 anos. Breier assumiu no último mês a presidência da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia com a missão principal de “não abrir mão de nem um milímetro das prerrogativas profissionais dos advogados”, afirma.

“A vitória no STJ demonstra o comprometimento da gestão de Beto Simonetti com as prerrogativas. Não vamos medir esforços para, sempre que for necessário, reafirmá-las e defendê-las. Honorários, como bem diz o nosso presidente, é a oxigenação da advocacia, representa dignidade. Avançamos nesse tema no STJ e vamos em frente agora no Supremo”, celebra Ricardo Breier.

O novo presidente explica ainda que a Comissão já trabalha em diversos outros temas para defender os mais de 1,3 milhão de advogados e advogadas que atuam no Brasil. Um dos objetivos da gestão é fortalecer, por exemplo, o registro nacional de violadores das prerrogativas. “Para que no futuro, quando eles queiram fazer um registro na Ordem, como advogado, possam ser avaliados. Hoje, entrando nesse cadastro, se for comprovada que essa autoridade/pessoa é um violador das prerrogativas, ele não tem o registro dentro da Ordem”, diz Breier.

Confira a entrevista de Ricardo Breier ao CFOAB:

CFOAB – O que representou a vitória da advocacia no STJ?
Ricardo Breier - A presença institucional da OAB, com o presidente Beto Simonetti e os ex-presidente Claudio Lamachia e Marcus Vinicius Furtado Coêlho foi muito importante, de conscientização do tribunal, mostrando que aquilo que estava sendo aplicado pela magistratura nacional estava subvertendo o que lei estava dizendo no artigo 85 do CPC. Agora, já temos pacificado no STJ, com efeito repetitivo para todos os processos do país. Isso demonstra o comprometimento da gestão de Beto Simonetti com a defesa das prerrogativas. Não vamos medir esforços para, sempre que for necessário, reafirmá-las e defendê-las. Honorários, como bem diz o nosso presidente, é a oxigenação da advocacia, representa dignidade.

CFOAB - Quais serão as próximas ações da Comissão de Defesa das Prerrogativas?
Ricardo Breier - O principal objetivo de todos sempre é manter o fortalecimento da defesa das prerrogativas e valorizar a profissão, mas também teremos focos de ações dentro da comissão. O primeiro é tentar unificar o procedimento de prerrogativas e sua função dentro das seccionais. Hoje, cada seccional tem a sua autonomia, e tem que ser preservada essa autonomia. Mas a função do Conselho Federal é chegar, através da comissão, e tentar de alguma maneira, nas 27 seccionais, unificarmos um trabalho, para que possamos somar esforços e termos um procedimento único. Dessa forma, teremos um trabalho forte, unido. O Conselho Federal dará todo o suporte para as seccionais e subseções no tocante a restabelecer qualquer violação de prerrogativas e buscar também a responsabilidade daquele agente público que, de alguma forma cerceou o trabalho através de um abuso de autoridades. Então, vamos fazer esse trabalho, tentar unificar procedimentos, respeitando a autonomia das seccionais, para termos uma mesma linguagem na defesa das prerrogativas.

CFOAB - Como ocorre a interação da CNDPVA com outras comissões do CFOAB?
Ricardo Breier - Esse é justamente um segundo foco que teremos nessa gestão, que é trabalhar uma forma unificada com as demais comissões, para que a gente possa viabilizar ações efetivas. Vamos trabalhar em conjunto com a Comissão da Mulher, Comissão de Direitos Humanos, Comissão da Advocacia Pública, Comissão da Advocacia Eleitoral e outras comissões, porque, enfim, todas elas, de alguma forma, também falam em prerrogativas. O objetivo é estabelecer ações conjuntas, para que possamos fazer um grande trabalho.

CFOAB - Haverá também uma integração com a ESA Nacional?
Ricardo Breier - Esse é o nosso projeto mais audacioso, junto com a Escola Superior de Advocacia (ESA Nacional) que é a criação da Escola Nacional de Prerrogativas. Queremos apresentar uma parte geral, para que os advogados e advogadas conheçam quais são os seus direitos, porque às vezes a falta informação é algo que pode até mesmo inibir a procura da Ordem. O advogado pode ser violado e não saber quem procurar. Então, a Escola Nacional de Prerrogativas terá um viés de informação importante nessa parte geral. Já na parte especial, vamos trabalhar com temas importantes das áreas diversas da advocacia que têm maior violação de prerrogativas. Vamos trabalhar com temas importantes na área trabalhista, na área civil, na área criminal, para que a gente possa fortalecer e levar essas informações através do curso. Vamos levar grandes nomes para falar em defesa e ensinar as questões de prerrogativas. Também queremos expandir e levar essas informações para as escolas da magistratura, do Ministério Público e da polícia, para que se tenha, na formação de novos integrantes dos seus quadros, a noção da importância da Advocacia, o que realmente representa a Advocacia.

CFOAB - Como se dará a atuação da Ordem no fortalecimento da Lei de Abuso de Autoridade?
Ricardo Breier - Creio que nós temos que fortalecer o registro nacional das violações de prerrogativas e criar uma campanha, com as seccionais, para que aqueles que tenham de alguma forma violado as prerrogativas, em sua conduta como autoridade pública, entrem nesse registro nacional. Precisamos ter esse cadastro para identificar os locais e os violadores das prerrogativas. Isso é importante, para que no futuro, quando eles queiram fazer um registro na Ordem, como advogado, possam ser avaliados. Hoje, entrando nesse cadastro, se for comprovada que essa autoridade/pessoa é um violador das prerrogativas, ele não tem o registro dentro da Ordem. Vamos fazer essa campanha nacional para fortalecer e impor o registro nacional. Sempre que houver, por parte de autoridade pública, abuso ao exercício profissional da advocacia, consequentemente nós vamos impor a obrigatoriedade do cumprimento da lei. A criminalização da violação das prerrogativas foi uma grande conquista do sistema OAB e não vamos abrir mão disso.

CFOAB - A Comissão se preocupa com a crescente “virtualização” do atendimento da advocacia?
Ricardo Breier - A defesa das prerrogativas no mundo virtual também é fundamental. Hoje, nós temos a justiça 4.0 e temos muitas limitações da advocacia no mundo virtual. Audiências com magistrados, audiências virtuais e muitas ofensas às prerrogativas nesse meio virtual, que é algo novo, mas que nós já estamos atentos a respeito disso, porque nós não podemos abrir mão do exercício profissional mesmo no mundo virtual. Nada é mais importante do que garantir a opção da advocacia pelos atos presenciais, garantir o acolhimento da justificativa da impossibilidade técnica virtual do exercício profissional, garantir o atendimento presencial pelos magistrados e magistradas e, principalmente, garantir o pleno acesso a todos os níveis sociais da advocacia. Não podemos ter uma advocacia excluída, aquela que não tem condições de ter um bom equipamento digital para poder trabalhar. Esta é uma meta fundamental da comissão também, a defesa das prerrogativas no mundo virtual.